sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Sonata - Parte 12 - Bushido



Acordando lentamente, Nathan se vê sendo arrastado pelos soldados. Eles o levam por uma espécie de templo, uma edificação ocupando um terraço inteiro de uma megatorre. O rapaz vê pilares vermelhos e telhados pontudos com beirais curvos. Nas paredes há dezenas de lanternas orientais com letras japonesas. Ele vê velas, incensos e estátuas de um homem sentado de pernas cruzadas. “Será o Buda?” pergunta-se ele.
Há algumas pinturas exóticas pelo templo. Nathan vê tigres, carpas e dragões, sendo este último um animal mitológico que aparentemente nunca existiu. Outras pinturas chamam sua atenção,
ele vê caricaturas de homens com cabelos negros, semblantes rígidos e longas espadas em suas mãos.
Em alguns lugares ele vê manequins vestindo as armaduras tradicionais japonesas. Algumas são altamente tecnológicas – iguais àquelas que os soldados vestiam durante o ataque à 4 de Julho – mas outras são mais tradicionais e parecem estar erigidas ali como um sinal de honra e respeito. Nathan vê portais pelo templo, eles são retangulares e têm vigas curvas. Há muitas palavras japonesas ali, mas outras estão escritas em alfabeto romano e ele lê a palavra “Xinto”. Então ele percebe que aquelas pessoas acreditavam no Xintoísmo.
As pessoas naquele templo também têm aparência peculiar. As mulheres usam longos vestidos e maquiagens pesadas em seus rostos. Os homens vestem roupas largas e alguns portam aquelas espadas descritas nas pinturas. O rapaz nota que todos são asiáticos, e todos o encaram com certo fascínio e desprezo.
Apesar do admirável esforço em reproduzir um templo japonês na tecnológica metrópole, Nathan não pode deixar de notar os painéis eletrônicos, hologramas e luzes de neon espalhados pelo ambiente. Em Sonata a tecnologia é essencial e onipresente, impossível de se evitar.
Os soldados se aproximam de uma porta de madeira. Há duas sentinelas em suas extremidades, elas seguram lanças com lâminas curvas e lenços amarrados em seus cabos. Os soldados perguntam:
- Onde está o Xogum?
Com forte sotaque japonês, as sentinelas respondem:
- Ele está no grande salão e os aguarda.
Afastando as folhas da porta, as sentinelas permitem a passagem.
O rapaz vê o que parece ser um julgamento. Vestindo armaduras e portando espadas, cerca de cinquenta homens assistem à duas pessoas discutirem. Um deles está ajoelhado e teve sua armadura arrancada, e o outro está em pé e o encara furiosamente. O homem em pé tem bigode e barba pontuda, cabelos presos no topo da cabeça e veste uma armadura mais nobre e requintada.
 - Você foi acusado de trair nosso povo e nossa nobre causa. Muitos dos nossos companheiros morreram hoje por sua culpa. Você conspirou com o inimigo contra nós!
O homem ajoelhado responde:
- Eu não os traí, pois nunca compartilhei desta causa. Minha honra está intacta.
O homem em pé parece ignorar sua resposta.
- Somos o futuro de Sonata, a solução para o materialismo imoral das corporações. Por que você nos traiu? Eu não consigo entender! Por favor, me diga o porquê.
- Você vive uma ilusão, Yoshinobu. O xogunato e o império não podem voltar a existir. O que deseja não passa de um simples sonho.
Os homens de armadura se ofendem.
- Sua traição envergonha a todos nós. Esta é sua chance de manter sua honra.
O homem em pé desembainha sua espada, revelando a brilhante lâmina prateada. Vendo que sua vida está próxima do fim, o homem ajoelhado empunha uma adaga e a posiciona contra seu abdômen. Em tom profético, ele os amaldiçoa dizendo:
- Os samurais estão condenados à extinção.
Então, em um único esforço, o homem perfura a si mesmo. Em uma última demonstração de agonia, ele empurra a adaga para o lado, cortando-se ainda mais. Vendo que sua dor é insuportável, o homem em pé levanta sua espada e decepa sua cabeça, decapitando-o.
Nathan está horrorizado. A cabeça do homem cai de seu corpo, produzindo sons abafados contra o solo. Sangue escorre pelo piso, formando uma poça vermelha horrível. O rapaz sente náusea.
Os homens de armadura arrastam o corpo pelas pernas e o levam dali. Os soldados levam Nathan até a presença do líder e o jogam aos seus pés.
- Xogum Tokugawa, nós conseguimos. Capturamos o Inimigo de Estado das mãos da 4 de Julho. A missão foi um sucesso.
O rapaz vê que os soldados permanecem curvados diante de seu líder. O xogum o encara e então ordena:
- Levem-no para baixo. Nós o interrogaremos depois.
Os soldados então o levam de volta pelo templo. Enquanto avançam, o rapaz vê os demais soldados gritando “Banzai” com grande animação. Alguns balançam enormes bandeiras em seus braços, hasteando-as e louvando-as. Nathan observa a bandeira e vê um radiante sol vermelho com um fundo branco. Eles estão felizes e celebram mais uma vitória para a causa.
O rapaz desce por um elevador panorâmico na lateral do edifício. Enquanto desce, ele vê dezenas de neons com letras japonesas nos prédios. Ele reconhece o lugar, é algum distrito no Setor J, talvez o Honshu ou o Monte Fuji.
Levando-o pelos corredores, Nathan vê muitos enfeites orientais. Aparentemente aquele povo era muito ligado às suas raízes e valorizavam seu lado cultural. Nas paredes há muitas pinturas de tigres, dragões e guerreiros samurais. Em outras paredes ele vê caricaturas mais alegres e divertidas, como bichos e pessoas com olhos grandes e bocas pequenas. Talvez aquilo seja o mangá inventado pelos japoneses séculos atrás.
A Bushido redecorou os andares abaixo. Nathan vê paredes de madeira e folhas de algo que se parece com papel. Ao deslizar as portas para o lado, ele vê pessoas ajoelhadas ao redor de mesas baixas. Elas se alimentam palitos de madeira e servem a comida em pequenas tigelas. A formidável habilidade em usar aqueles pauzinhos gera grande fascínio em Nathan, que se pergunta como elas conseguem manejar aquilo para comer.
O rapaz é deixado em uma pequena sala por um dia inteiro. Nathan se assusta, pois sabe que o vírus avança e diminui seu tempo de vida. Ele começa a aceitar que não vai sobreviver.
No decorrer do dia, algumas mulheres aparecem e lhe oferecem água e comida. Ele logo aceita, Nathan estava faminto. Mas seu apetite é quebrado quando ele vê carne de peixe crua, molhos escuros e aqueles pauzinhos incompreensíveis na bandeja.
A porta se abre e ele vê um homem mais velho vestindo armadura vermelha. Nathan o reconhece, é o mesmo que lhe falou pouco antes de alguém golpeá-lo.
- Kon'nichiwa, Nathan-san. Sou o Kyaputen Yamada. Como tem passado?
- O que quer de mim?
- Vim levá-lo ao Conselho. O Xogum quer falar com você.
- Quem...? – pergunta Nathan, mas sem resposta.
Yamada o leva pelos corredores. Ao passar pelos soldados, eles estufam seus peitos e batem continência. Então o rapaz percebe que o termo kyaputen significa capitão em japonês.
A porta se abre e Nathan vê um salão onde os samurais se reúnem. Há uma longa mesa baixa com vários homens mais velhos ajoelhados ao seu redor. Alguns usam roupas longas e largas, e outros vestem suas imponentes armaduras de samurai. No canto do salão ele vê três mulheres com rostos pintados e cabelos presos no topo da cabeça. Elas encantam o ambiente tocando instrumentos tradicionais japoneses.
- Sente-se, Nathan-san. – Indica Yamada.
O rapaz olha para o chão e não entende o que o kyaputen quis dizer. Não há cadeiras. “Você quer que eu sente no chão?” pensa ele. Um pouco confuso o rapaz se ajoelha e se senta sobre seus calcanhares, imitando os senhores ao seu redor.
O homem na ponta da mesa diz:
- Kon'nichiwa, Nathan-san. Sou o Xogum Tokugawa Yoshinobu. Estive ansioso em vê-lo.
Por quê? – pergunta ele.
- Não seja hipócrita. A 4 de Julho já deve ter te informado de sua importância. O trabalhador das corporações tornado Inimigo de Estado... O que quer que tenha visto no Setor L incomodou muito os senhores desta metrópole.
“Senhores desta metrópole?”. O xogum fala como se toda a cidade fosse alguma nação feudal.
- Não foi minha intenção...
- Já disse para não ser hipócrita! – interrompe ele, fazendo inclusive as gueixas pararem de tocar – Estamos em guerra, Nathan-san. Chegamos a um ponto onde a vitória final não pode mais ser alcançada com o poder das armas. Precisamos de um poder ainda maior. Algo mais sutil que destrua nosso inimigo e não cause tanto derramamento de sangue. Precisamos de sua informação.
Nathan sente medo. Terroristas violentos e altamente perigosos estão se matando para conseguirem algo que só ele pode dar. Por que é tão importante? O que as corporações estão escondendo e os terroristas sabem, mas não querem falar?
- Senhor Tokugawa, peço que me entenda. Não quero ser responsável pela morte de milhões. – responde educadamente Nathan, achando que o xogum será complacente.
- Morte de milhões? – pergunta ele – Tokugawa se levanta e então todos se levantam, mas com um aceno ele pede que todos voltem a se sentar. Sua autoridade é incontestável – Você sabe por que a Bushido luta, Nathan-san?
- Não, senhor.
- Lutamos por Honra, Ordem e Tradição. Está vendo estes senhores? Estes são meus conselheiros, meus daimiôs, meus mais valorosos generais. Eu sou o Xogum Tokugawa, nomeado conforme o último xogum japonês antes da Restauração Meiji. Lutamos para que as vitórias no futuro corrijam os erros do passado. Acreditamos que o imperialismo japonês foi desastroso para nosso país. Acreditamos que a modernização da sociedade, a absorção dos costumes estrangeiros e a competição com as potências ocidentais culminaram na ganância de nossos líderes. A arrogância dos nossos governantes causaram a humilhação do nosso povo, resultando, como você mesmo disse, na morte de milhões.
- Mas sua organização quer o retorno do imperialismo, não é mesmo?
- Como eu disse, queremos corrigir os erros do passado. O xogunato se mostrou um governo sólido e capaz de manter a ordem após tantos séculos de guerra. O imperialismo destruiu o que os honoráveis xoguns construíram, nos trazendo guerra, desonra e derrota. O Ocidente deixou nosso país submisso e enfraquecido, enquanto que nossos antigos inimigos cresceram e se fortaleceram. Nossa nação, uma vez forte e vitoriosa, foi desarmada e humilhada por seus vencedores. O estigma da derrota foi por muito tempo carregado por nosso povo. Mas após nossa inevitável vitória, meus daimiôs serão intitulados xoguns e governarão cada setor de Sonata. Todos obedecerão a um único imperador, um homem visionário capaz de enxergar os erros do antigo império e batalhar para a construção de um novo.
- E quem será esse homem?
Nathan não se impressiona com a resposta.
- Eu.
O rapaz percebe que duas facções terroristas são lideradas por loucos e saudosistas.
- O senhor quer tratar Sonata como uma antiga nação feudal?
- O feudalismo é um sistema rural ultrapassado. A nova Sonata será uma megalópole pacífica e tecnológica. Nossos cientistas são os mais brilhantes e inteligentes, o legado tecnológico de meu povo ainda sobrevive. – diz ele, apontando para alguns aparatos tecnológicos espalhados pela sala – A memória do antigo Japão jamais será esquecida, ela será fortalecida nas novas gerações que virão.
A Bushido divide-se entre a tradição dos bushi e a modernidade do capitalismo.
- E o senhor acha que a população aceitará um povo “distinto” governando sobre suas vidas? – pergunta ele, referindo-se à aparência japonesa.
- Você pensa que o Setor J é composto unicamente de japoneses? Antes de 2057, nosso povo imigrou em massa do Japão para sobreviver. Éramos minoria nesse país, mas com a construção da metrópole nossa organização cresceu e acolheu a todos os asiáticos, japoneses ou não. Prometemos dividir o poder com todo aquele que luta por nossa causa. Ao nosso lado lutam pessoas de várias outras etnias, mas um soldado não-japonês é chamado de samurai Ronin, pois este não tem legitimidade no sangue e nem um daimiô.
Nathan percebe certa discriminação nas palavras do xogum. Após a Segunda Guerra Mundial, os povos asiáticos passaram a odiar os japoneses durante anos. Então ele faz uma pergunta semelhante à que fez ao líder da 4 de Julho:
- Mas sua organização aceita os não-asiáticos?
- Bushido não é uma simples organização, é um estilo de vida, um código de honra e logo será a lei universal de toda Sonata. Todos são bem-vindos se assim o desejarem. Nós seguimos as sete virtudes da Bushido. GI: justiça, moralidade, atitude direta, razão correta e decidir sem hesitar; YUU: coragem e bravura heroica; JIN: compaixão e benevolência; REI: polidez, cortesia e amabilidade; MAKOTO: sinceridade e veracidade total; MEYO: honra e glória; e CHUU: dever e lealdade. Somos samurais, merecemos governar a metrópole, e quando governarmos, nossa honra e lealdade serão notórias a todos.
Então Nathan se lembra de algo que o enraivece.
- Como pode falar em honra se ontem mesmo vi o senhor decapitar um homem de joelhos?
Ao ouvi-lo, os daimiôs de Tokugawa se ofendem, insultando-o. O xogum, porém, pede para eles se calarem.
- Aquele homem era um traidor e merecia ser punido. De acordo com nossos costumes, é desonroso para um samurai capturado não ser morto pelas próprias mãos. A decapitação é um sinal de misericórdia do captor, pois a prática do harakiri é dolorosa e agonizante. É desta forma que realizamos o ritual do seppuku.
- Pois para mim isso se chama assassinato, e assassinato terroristas como vocês conhecem bem. Não farei parte disso.
Nathan se levanta e lhes dá as costas. Mas antes que pudesse chegar à porta, Yamada desembainha sua espada e a aponta para seu pescoço.
- Creio que você não tem escolha. – diz Yamada.
- Nós empreendemos um ataque meticuloso e ousado para captura-lo. A 4 de Julho jamais irá esquecer. Agora você pensa que poderá simplesmente dar as costas e ir embora se assim o desejar?
Yamada o ameaça dizendo:
- Sugiro que se sente, senão eu pessoalmente cortarei sua cabeça e a guardarei como troféu. E o resto de seu corpo eu darei de alimento para os cães.
Apesar de velho, o kyaputen tem uma voz grave e rouca capaz de assustar o mais valente dos homens. Nathan olha para sua espada e a vê perfeitamente afiada, e então imagina quantos homens ele já matou com ela. Yamada é um legítimo guerreiro samurai, ele provou seu valor comandando a ousada missão de invadir a 4 de Julho e capturar o rapaz. Apesar do profundo temor, o rapaz o admira.
Mas e quanto à Bushido? Ela era mais uma organização terrorista e xenofóbica como a 4 de Julho. Se um dia eles conquistarem o poder, tratariam eles os não-asiáticos como cidadãos de segunda classe, como a 4 de Julho faria em relação aos não-americanos? A Bushido, apesar das palavras bonitas e condutas honrosas, não lutava pela libertação dos sonatenses, eles lutavam por outra opressão: a ditadura militar dos xogunatos e do imperador.
Nathan novamente se senta. Com a lâmina da espada a um centímetro de seu pescoço, o rapaz treme, batendo a ponta de seus dedos rapidamente sobre a mesa.
- Comece a falar, Nathan-san. O braço de Yamada está começando a cansar.
Suor desliza de seu rosto. O rapaz está tão assustado que parece que seu coração vai sair por sua boca. Olhando ao redor, ele não vê outra forma de sair dali senão cooperando com inabalável xogum. Não havia outra opção.
Ao abrir sua boca, um objeto esférico rola sobre a mesa e gás se expele de seus orifícios. Confusos, os daimiôs se entreolham, e então Tokugawa grita:
- Gás!
Mas o alerta veio tarde. O gás se rapidamente se alastra e todos começam a tossir, perdendo a consciência em seguida. Yamada leva suas mãos à boca, largando sua espada. Nathan tenta conter o efeito do gás segurando sua respiração, e então ele consegue ver.
Um dos daimiôs se levanta. Ele está vestido em sua armadura samurai com o rosto coberto com aquela máscara horrível. O daimiô se aproxima de Nathan, retira um objeto de sua bolsa e diz:
- Ponha isto.
O rapaz vê uma máscara de gás. Vestindo-a rapidamente, o daimiô o levanta e o conduz para fora do salão. Enquanto é carregado para fora, alguém puxa o braço do homem e arranca sua máscara, revelando sua identidade. É Maynard!
- Maldito! Como ousa invadir nossa sede e templo sagrado? Meus samurais o farão em pedaços!
Tokugawa luta para não perder a consciência e o encara furiosamente. Enquanto o xogum sucumbe ao efeito do gás, o agente aproveita para lhe responder:
- Os samurais estão condenados à extinção.
Então Maynard lhe dá um soco no rosto, fazendo-o se soltar. O agente veste novamente seu capacete e continua seu caminho.
Conduzindo o rapaz pela sede da Bushido, os samurais olham para o agente disfarçado e se curvam. Aparentemente eles reconhecem a armadura pessoal de seus daimiôs.
Ao chegar ao elevador, um samurai os interrompe e começa a lhe falar palavras incompreensíveis em japonês. Maynard não sabe o que responder e isso intriga o samurai à sua frente. O agente gesticula pedindo para ele se afastar, mas o samurai fala ainda mais, como se estivesse perguntando-o algo. Esticando seu braço para o botão do elevador, o agente intenciona pressioná-lo, mas o samurai o interrompe, apertando para ele em seguida. Aparentemente ele queria apenas fazer uma gentileza. O elevador se abre e então o agente cinicamente diz:
- Arigatou gozaimasu.
O samurai não reconhece a voz de seu senhor e o estranha. Mas antes que pudesse dizer algo, a porta se fecha e eles vão embora.
- Maynard! Você veio me salvar! – comemora o rapaz.
Sem dar muita importância às suas palavras, o agente responde:
- É, pode-se dizer que sim. Agora fique em silêncio.
Eles chegam ao terraço onde o templo se encontra. Atravessando os suntuosos salões, alguns samurais os veem e fazem suas reverências. Ao chegar ao estacionamento, dois samurais guardam sua entrada.
- Daimiô Kumamoto, é uma honra recebê-lo. Deseja um aerocarro?
Felizmente os dois falam inglês. O agente acena positivamente com a cabeça e continua caminhando. Mas o outro samurai o interrompe dizendo:
- Não quer que eu chame um motorista?
- Isso não será necessário.
Então os dois guardas se intrigam. Os daimiôs nunca saem sem motoristas. E aquela voz, eles não reconhecem a voz daquele homem.
- Espere um pouco. Quem é você, afinal? E aonde vai com o prisioneiro?
Um silêncio perigoso paira entre eles. Maynard se prepara para sacar sua arma debaixo da armadura quando algo acontece. O alarme soa pelo templo e uma voz fala pelo alto-falante:
“Alerta! Há um agente infiltrado no templo e ele está com o prisioneiro. Não o deixem fugir!”
Então Maynard saca sua arma e atira. Os samurais se protegem atrás dos aerocarros e começam a atirar também. Nathan corre pelo estacionamento e então o agente ordena para que ele vá até seu aerocarro. O rapaz olha para trás e tropeça no exato momento quando três shurikens voam contra seu rosto, perfurando as paredes logo atrás.
- Meu Deus!
- Corra, Nathan! Corra!
Maynard o agarra pela camisa e o puxa consigo. Chegando ao aerocarro, o agente grita:
- Computador, abra as portas! Agora!
“Comando de voz não identificado”.
O rapaz ouve a voz robótica várias vezes enquanto o agente atira nos samurais. Ele ordena constantemente para que o aerocarro se abra, mas sem sucesso.
Passos são ouvidos, fazendo o chão tremer. Assustados, os dois se entreolham. Ao espiarem sobre o capô, eles veem dois samurais gigantes se aproximarem. Eles têm armas acopladas aos seus braços esquerdos e seguram uma espada enorme em seus braços direitos, capaz de partir ao meio um aerocarro inteiro. Seus olhos brilham em uma cor vermelha forte, e sua armadura é escura como a face inclemente da morte.
Desta vez, é Maynard quem diz:
- Meu Deus...!
- São robôs...? – pergunta-se Nathan.
As enormes máquinas apontam suas armas e atiram. O projétil é uma mini granada que explode os aerocarros ao redor, levantando uma onda de fogo infernal. Maynard tenta arduamente fazer seu aerocarro abrir, mais uma granada daquelas e os dois viram churrasco.
- Maynard! A máscara! Tire sua máscara!
Então o agente percebe seu erro. A máscara estava abafando sua voz, tornando a identificação impossível. Ao ordenar mais uma vez, o aerocarro se abre e os dois rapidamente entram. Apertando os botões, o painel se ilumina e o veículo lentamente levanta voo. Maynard ordena:
- Computador, disparar canhões.
Imagens se formam no para-brisa e miram os gigantescos robôs da Bushido. Os tiros são disparados e explodem em seus peitos, fazendo os robôs hesitarem e cambalearem para trás. A fumaça se dissipa, mas Nathan vê que eles ainda estão em pé, novamente mirando suas armas para os dois.
- Eles vão atirar!
- Computador, disparar bombas eletromagnéticas.
Os projéteis EMP atingem os robôs. Uma descarga elétrica e azulada os envolve, paralisando-os.
- Isso nos dará tempo para fugir. – comenta ele.
Então o aerocarro de Maynard ganha a altitude necessária e deixa o templo da Bushido, voando em meio a centenas de tiros lasers pela noite.



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