Em pé sobre o
parapeito de uma megatorre, Laura e Vertigo observam o brilhante distrito
comercial abaixo. Os aerocarros voam por toda parte, as passarelas ficam
mais movimentadas, a noite está só começando. De repente o comunicador da
garota vibra e ela o veste em sua cabeça.
“Lótus, você está
aí?”
Ela responde:
- Já disse para
você não me chamar assim.
Ignorando-a, o
chefe pergunta:
“Onde vocês estão
agora?”
“Ótimo. Vertigo
permanecerá à distância e hackeará os sistemas de segurança para você. Eu
ficarei na linha e acompanharei o progresso daqui. Siga as instruções dele e
você ficará bem”.
Laura sorri em
desprezo.
- Eu sei me virar
sozinha.
“Boa sorte”.
Database desliga.
Vertigo se senta no terraço do edifício e abre seu notebook. Enquanto invade as
redes corporativas, o hacker pergunta:
- Certo, hora de
trabalhar. Consegue ver o prédio do Ministério da Informação?
Laura olha para
as megatorres ao redor. À sua direita ela vê um prédio pouco decorado, com
fachada mais simplista em relação às arrojadas megatorres iluminadas por
belíssimos painéis de neon. Na cobertura há um letreiro de aspecto mais frio,
mas com letras imponentes iluminadas por dois holofotes. Ela reconhece aquele
estilo de decoração, a placa indicava um prédio do governo. As letras informam:
“Ministério da Informação”.
- Sim.
- Preciso que
você chegue à plataforma abaixo da entrada principal. Tome cuidado, pois o
lugar é altamente guardado pela polícia corporativa.
- Ok.
Correndo pelo
terraço, a runner desce pelas fachadas de vidro e pula sobre outra megatorre.
Passando por tubos de ventilação, dutos e telas de arame, ela encaixa um gancho
em um cabo de aço e se desliza para outro terraço. Os aerocarros voam abaixo
dela, deixando os motoristas fascinados ao verem uma belíssima mulher cruzando
o céu noturno como se fosse um anjo.
Sobre o outro
terraço, ela o atravessa pisando em pequenas pedras até chegar no parapeito do
outro lado. O Ministério da Informação está à sua frente, e abaixo de si há a passarela
conectando os dois prédios. As pessoas transitam tranquilamente, conversando e
comprando nos pequenos estantes de artigos em geral. Observando o ambiente ao
redor, ela ouve um zunido à sua esquerda. Virando sua cabeça, ela vê uma câmera
de segurança apontando sua lente para ela. Sorrindo, ela manda um beijo para a
câmera e então a esmaga com um poderoso soco.
Um elevador
panorâmico desce pela lateral do edifício. Pulando sobre ele, o súbito impacto
assusta as pessoas lá dentro, fazendo-as olhar para cima. Aproximando-se da passarela,
Laura pula sobre um gigantesco painel de neon e corre passando por cabos e
fios. No final do painel, ela analisa seu objetivo. A plataforma tem grandes
vigas metálicas em sua parte inferior. Agarrando-se na beirada da viga, ela
rapidamente se ergue e equilibra-se entre os vãos. Ela não podia demorar muito,
a poluição deixou uma camada espessa de fuligem e qualquer passo poderia
fazê-la escorregar.
Enquanto caminha
habilmente, ela ouve as pessoas conversando sobre a plataforma. As pessoas
riem, conversam e chamam seus clientes. Elas parecem felizes, passeando
alegremente com seus amigos e suas famílias. “Pobres cidadãos inocentes. Em seu
delírio consumista as corporações os manipulam mais e mais”, pensa ela. Mas
pensando bem, não estariam eles melhores do que ela agora? Satisfazendo suas
necessidades básicas, vivendo suas vidas simples, mas
felizes por estarem confortáveis e bem? Claramente aquela não era a imagem
estereotipada dos trabalhadores explorados, esgotados e oprimidos de que
as facções tentavam passar. Aquela era a imagem de trabalhadores satisfeitos e
felizes. Lembrando-se de sua perigosa vida, cruzando imensas altitudes e
trocando tiros com a polícia, ela pensa: “Será que um dia eu serei feliz
também?”
Ao olhar para
baixo, ela vê a infindável frota de aerocarros. Eles passam constantemente,
fazendo zunidos agudos e expelindo ar quente. Ela sente calor, seus pingos de
suor caem pela vertiginosa altura fazendo-a se desconcentrar. Laura olha para
baixo, para a escuridão protegida pelos tubos industriais e pela poluição. Ela
sabe que em algum lugar lá embaixo, oculto por galerias e passagens
subterrâneas, está outra área da superfície, com outro Database e outros
runners aceitando serviços insanos para roubar objetos, invadir prédios e
correr pelos mais altos terraços. Adotando uma visão pessimista de tudo, ela
percebe que a vida sempre proliferou os desafortunados.
Laura finalmente
chega ao outro lado da plataforma. Abaixo dela sobrevoam alguns policiais, em
pequenos grupos em suas aeromotos. Ela precisa tomar cuidado.
Chamando o hacker,
ela diz:
- Vertigo, estou
na plataforma.
“Excelente.
Procure por uma grade metálica, é a entrada dos dutos de ventilação. Eu direi o
resto quando você a abrir”.
Pendurando-se nas
vigas, a runner tateia pela perigosa altura até achar a entrada. Suas mãos
estão suadas, seus dedos doem, enquanto atravessa uma pequena barra de aço sua
mão se escorrega e ela suspira de medo. Pendurada por apenas uma mão, ela
balança lentamente enquanto recupera seu fôlego.
A runner vê a
entrada. Aproximando-se, ela usa uma ferramenta e retira a grade. Espiando o
interior do duto, ela vê apenas escuridão.
- Abri a entrada
para os dutos, e agora?
“Não entre ainda,
deixe-me desarmar o alarme de segurança primeiro”.
Enquanto o hacker
trabalha, Laura comenta:
- Você é muito precavido,
Vertigo. Eu gosto disso.
Sorrindo, ele responde:
“Faz parte do meu
trabalho, Laura. Me precaver”.
Alguns minutos se
passam. Viaturas policiais sobrevoam o prédio, iluminando brevemente suas
laterais com o giroflex. Percebendo o risco, a runner intervém.
- Rápido, Vertigo.
A situação está piorando aqui.
Segundos depois
ele responde:
Ligando uma
lanterna amarrada à sua cabeça, Laura adentra o duto e faz conforme o ordenado.
Ela sente o cheiro forte de poeira e vê alguns insetos nas paredes. Incomodada,
ela controla a repulsa e continua seu caminho. Viver na superfície a educou
para sentir medos maiores e mais relevantes, ignorando as trivialidades.
- Odeio baratas.
– diz ela para si mesma.
“Disse alguma
coisa, Laura?”
- Não. – responde
ela – Na verdade, cheguei na bifurcação e virei à direita. O que eu faço agora?
“Continue até o
fim. Você verá outra grade. Abra-a. Você estará no fosso do elevador”.
A runner continua
se arrastando. Enquanto avança, seus movimentos fazem as folhas metálicas se
amassarem, provocando ruídos abafados nas laterais dos dutos. Chegando à grade,
ela a desencaixa e então a chuta, fazendo-a cair livremente pelo fosso.
Colocando a
cabeça para fora, ela olha brevemente para baixo quando um elevador aparece de
repente e quase a decepa.
- Droga...!
“O que foi, Laura?
Está tudo bem?”
Acalmando-se, ela
responde:
- Sim.
“Eu ouvi você
gritar”.
- Digamos que a
situação aqui está de perder a cabeça.
Sem entender a
piada, o hacker continua.
“Assim que você
abrir a grade, procure por uma escada de serviço. Você precisa subir até o andar
163”.
- Não posso usar
o teto dos elevadores?
“Não. O sistema
de segurança detectará quem estiver em cima dele”.
- Você não pode
desligar o sistema?
“Infelizmente
não. O sistema está protegido por uma sequência alfanumérica no padrão do
próprio ministério. Você terá de usar a escada. Será uma longa subida. Boa
sorte”.
Pendurando-se na
lateral do fosso, ela tateia até a escada de serviço. A escada está suja de óleo,
evidenciando anos de desuso. Ela começa a subida. Apesar do expediente noturno
ser menos intenso, os elevadores sobem e descem intermitentemente. Os números
dos andares estão escritos com tinta
nas paredes do fosso. Mirando sua lanterna, ela lê: “4° andar”. Vertigo tinha
razão, aquela seria uma subida e tanto.
Enquanto sobe, os
elevadores passam e ela consegue ouvir as pessoas em seu interior. Ela sabia
quem elas eram: os espiões de Sonata. Além do Ministério de Segurança Pública,
o Ministério da Informação era responsável pela vigilância particular de cada
sonatense, violando suas privacidades e apreendendo-os em qualquer lugar. Mas
diferente dos policiais que aterrorizavam fisicamente os cidadãos, os espiões
aterrorizavam de outra maneira, virtualmente pelo ciberespaço e
psicologicamente com a inquietante ameaça de estar sendo observado. Não haviam
direitos, apenas deveres, e na tecnológica metrópole sonatense o Estado
Policial era a única lei.
Após trinta
minutos, Laura estava exausta. Parando na escada, ela olha para a parede e lê: “76°
andar”. A lenta progressão lhe causava desânimo. Abrindo sua bolsa de perna,
ela pega um alimento, rasga a embalagem e come uma barra de cereais. Como todo
bom atleta, ela tinha de comer somente o essencial para recompor suas energias.
Excessos podiam afetar seu desempenho, e naquele tipo de trabalho erros podiam
ser fatais.
Laura pensa em
sua amizade com Vertigo. Vertigo e Laura são grandes amigos, mas cada runner
pensa de uma maneira, e as capacidades de Laura podem ser maiores ou menores do
que as dele. Laura é uma runner intensa e implacável, ela odeia rejeitar
serviços. Seu histórico é longo e cheio de missões bem-sucedidas, uma mulher decidida,
ávida para ser a número um. Apesar de sua fama ter crescido enormemente na
superfície, seu passado, porém, não podia ser esquecido.
“Lótus”.
- Database,
quantas vezes eu vou ter que repetir?
Confuso, Vertigo
lhe pergunta:
“Disse alguma
coisa, Laura? Está tudo bem aí?”
Percebendo que
ninguém havia falado com ela, ela se intriga. “Foi apenas um devaneio” pensa
ela.
- Sim, Vertigo...
Eu estou bem.
“Você já chegou?”
- Ainda não.
Estou descansando um pouco.
“Está bem. Fiquei
preocupado”.
- Muito atencioso
de sua parte.
Laura retoma a
subida. Cada passo provoca um ruído metálico na escada vertical. Minutos se
passam, a subida é muito cansativa. Sem querer parar de novo, ela se esforça
até seu objetivo e, ao olhar o relógio, vê que mais de quarentas minutos se
passaram.
O número na
parede diz: “163° andar”.
-
Vertigo, eu estou no... – ela se concentra para responder – centésimo
sexagésimo terceiro andar. Pelo jeito é mais difícil falar isso do que chegar
até aqui.
“Certo. Procure
por outra grade, será outro caminho pelos dutos de ventilação. Cuidado, pois
esse duto leva diretamente para o fosso. Você deverá ficar suspensa nas
alturas”.
Olhando ao redor,
ela encontra a grade no outro lado do fosso. Conforme Vertigo havia dito, a
grade está muito longe da escada e ela deve ficar suspensa para conseguir
abri-la. Porém, as paredes têm bordas e tubos, possibilitando a travessia.
Deixando a
escada, ela espera os elevadores subirem e se segura nas bordas das paredes.
Com grande agilidade, ela tateia até o outro lado. As tubulações estão
empoeiradas, mas ainda assim é possível segura-las. Parando em frente à grade,
ela conecta seu cinto aos tubos, livrando suas mãos. Pegando suas ferramentas,
ela começa a desparafusar a grade quando algo acontece.
O elevador acima
começa a descer. Ao vê-lo subindo até o último andar o tempo todo, ela não
previu que alguém poderia fazê-lo descer antes. Laura se apressa. Tirando todos
os parafusos, ela puxa a grade quando percebe algo. A grade estava emperrada!
Seus olhos se
arregalam. Olhando para cima, o elevador continuava descendo. Não dava mais
tempo de voltar à escada, só para desconectar o cinto seria o tempo necessário
para o elevador chegar até ela. Laura puxa a grade com toda sua força, ela a
golpeia e até se machuca. O elevador se aproxima.
Gritando e
vociferando de ódio, ela golpeia o máximo que pode até que, por um milagre, a
grade se solta e cai pela escuridão do fosso. Sem tempo a perder, ela desabotoa
seu shorts, abaixa seu zíper e o tira, enfiando-se no pequeno duto em seguida.
O elevador passa
pouco antes de pegar suas pernas. Ela suspira como se seu coração fosse sair
por sua boca. A tensão foi forte demais, após o choque ela não consegue sair do
lugar. Minutos se passam. Parada dentro do duto, ela ainda tenta se acalmar. De
repente ela ouve a voz no comunicador.
“Laura! Você está
bem?”
A runner sai de
seu transe.
- O quê? – Apoiando-se
em seu cotovelo, ela aproxima o comunicador de seu ouvido e responde – Eu estou
aqui, Vertigo.
“Podemos
continuar?”
- Espero um
pouco, tenho que vestir o meu shorts.
Desconectando o
cinto das tubulações do fosso, ela o puxa de volta e se veste.
- Pronto,
Vertigo. Qual é o próximo passo a seguir?
A voz no
comunicador diz:
“Continue pelo
duto até a bifurcação. Vire à esquerda e você verá a sala de servidor abaixo de si. Tenha
cuidado, não consigo suspender os sistemas de segurança por muito tempo”.
Laura então
continua seu caminho. Enquanto avança, ela passa por aberturas de ar nas
laterais do duto. Ao espionar entre as frestas, ela vê os escritórios do
Ministério da Informação. Seus funcionários trabalhando em frente aos
computadores, vestindo trajes sociais aparentando estar muito empenhados em
suas funções. Em outra sala, ela vê seguranças vestindo armaduras de choque,
armados com avançados rifles lasers. Então ela se pergunta: estariam os
funcionários trabalhando com tanta dedicação naturalmente ou são outros que,
como os demais sonatenses, temem o súbito aprisionamento? Ela não entende. E se
os funcionários também são constantemente vigiados, sendo forçados a trabalhar
contra seu próprio povo por terem uma arma apontada para suas cabeças?
Adiante ela vê a
bifurcação do duto. Virando à esquerda, ela continua até achar uma abertura
abaixo de si. Observando a sala, ela vê apenas luzes piscando aleatoriamente em
um ambiente escuro e frio. Ela pergunta:
- Vertigo, achei
a sala. O que eu faço agora?
“Desça e procure
pelo corredor “N134”. Não se assuste, pois terão dúzias de corredores aí”.
Ao descer, Laura
vê que a sala é muito maior do que imaginava. Há corredores extensos com altas
estantes. O chão está coberto por vários cabos e as estantes contém milhares de
servidores até o teto. Aquela era a
maior sala de servidores que ela já viu.
Enquanto caminha,
ela ouve passos vindo de outra direção. Agachando-se, ela vê outro daqueles
seguranças altamente armados. Ela não estava sozinha. Esgueirando-se pelos
cantos, a runner vê mais uma dúzia deles vigiando a sala. Evadindo-os, ela
continua seu caminho até encontrar seu objetivo.
A sala é escura,
há milhares de estantes dividas entre os corredores. Os seguranças rondam
aleatoriamente, alguns sem muita disposição e outros com muita avidez. Laura se
arrasta por baixo das estantes e em outros casos é obrigada a escalá-las.
Correndo sobre as estantes, ela olha para a baixo e vê a seção N. Descendo, ela
se esgueira até encontrar o corredor N134.
- Vertigo, estou
no corredor N134. O que eu faço agora?
Laura percorre o
corredor. Aproveitando a distração dos seguranças, ela avança sem problemas pelos
corredores identificados com letras alfabéticas. Ao chegar na estante G ela
vasculha os servidores. Para sua surpresa haviam mais de dez mil. Novamente
escalando a estante, ela dedilha entre os cabos e as luzes brilhantes até
encontrar o que estava procurando.
O servidor
escrito Genoma brilha diante de seus olhos. Ao pegá-lo, ela abruptamente o
puxa, arrancando os fios conectados na parte de trás. Então algo acontece.
O alarme dispara, acendendo várias luzes vermelhas no teto do vasto salão.
- Mas o que foi
agora?
“Laura, o que
houve?”
- O alarme foi
disparado.
“Rápido, fuja
daí! Eu disse que não conseguiria suspender o sistema de segurança por muito
tempo!”
A runner já está
correndo quando responde:
- Fugir daqui é a
primeira coisa que vou fazer, querido. Mas obrigado pela sugestão.
Um segurança
aparece entre os corredores e grita:
- Parada!
Dando um salto, Laura
chuta seu rosto, fazendo o próprio capacete trincar com o impacto. Mais
seguranças aparecem, mas com a vantagem das luzes acesas, ela consegue ver
perfeitamente para onde estava indo. Escalando uma estante, ela se desequilibra
ao ouvir os tiros estourando os servidores ao seu lado. Alguém grita:
- Não! Não abram
fogo! Não podemos danificar os equipamentos aqui!
A runner olha
para cima e vê o duto de ventilação. Pulando sobre as estantes, ela agilmente
se agarra na beirada do duto e o adentra, finalmente deixando aquele salão.
Arrastando-se pelo estreito duto, ela ouve tilintares robóticos atrás de si.
Aranhas robóticas a perseguem, não deixando ela escapar.
Ela se apressa.
Ao passar pelas aberturas, ela olha para as salas de trabalho e vê que os
funcionários estão evacuando o edifício, alguns calmamente e outros com grande
histeria.
- Ela está nos
dutos! Atirem!
Os seguranças
atiram e ela vê os buracos de balas aproximando-se à sua frente. A saída para o
fosso está próxima, só falta mais um pouco. Pegando em sua bolsa uma bomba de
concussão, ela a joga pela abertura. Caindo aos pés dos seguranças, a explosão
imediatamente os atordoa.
No
exato momento em que chega ao fosso, o elevador passa por ela, descendo.
Aproveitando a oportunidade, ela pula sobre ele e desce rapidamente pela
abertura. Os seguranças abrem a porta dos andares e atiram contra ela. Laura
saca sua arma e atira de volta. Um dos seguranças é atingido e cai livremente
em direção à escuridão lá embaixo.
Nesse momento a
garota percebe que estava ficando habilidosa em se empunhar uma arma, e isto faz uma satisfação mórbida crescer em seu peito.
“Laura, você pode
falar?”
A runner dá três tiros
para o alto e responde:
- Seja breve.
“A polícia foi
alertada sobre a invasão no prédio e viaturas estão se dirigindo à sua
localização. Eles rastrearam a mim também, então temos que fugir, e rápido”.
- Eles já estão
atrás de você?
“Sim”.
Ainda trocando
tiros, uma bala passa de raspão no seu braço, fazendo-a gritar.
“Laura, o que
houve?! Você está bem?!”
Ignorando-o, ela
responde:
- Vá na frente,
se quiser. Eu me viro sozinha.
O hacker firmemente
se opõe.
“E deixar você sozinha
com um batalhão inteiro de agentes corporativos? Nem pensar”.
De repente ela
ouve a voz de Database no comunicador.
“Laura, espere
por Vertigo. Há muita resistência aí. Vocês terão melhor chance de sobrevivência
se ficarem juntos”.
Ao recarregar sua
arma, ela atira novamente e responde:
- Database, você
sabe que eu trabalho sozinha.
“E quanto ao
Vertigo?”
- Vertigo é meu
amigo e foi ideia sua nos colocar no mesmo serviço.
Database demora
um pouco para responder.
“Sempre durona. É
por isso que eu te considero a melhor, Lótus”.
A saída pelo duto
se aproxima. Pulando sobre o cabo do elevador ao lado, Laura escorrega mais
alguns andares e então se agarra nas tubulações na parede. Tateando pelas
laterais, ela entra no duto e então deixa o agitado fosso.
Saindo da
megatorre, ela vê a parte inferior da plataforma. O vento frio da noite a
refresca por um momento. Várias viaturas policiais passam ao redor,
acautelando-a. O hacker fala com ela no comunicador, dizendo:
“Laura, espere
pelo meu sinal”.
Vertigo tinha que
se apressar, Laura podia ouvir dezenas de policiais adentrando a megatorre. Se ela tivesse que fugir por si mesma, ela podia
fracassar no serviço, e fracassar não estava no seu vocabulário.
De repente um
curto elétrico estoura os holofotes da fachada, soltando faíscas nos policiais
por perto.
Laura, que está
toda espremida na saída do duto, agarra-se na estrutura inferior da plataforma
e foge do Ministério da Informação.
Escalando pelas
escadas e tubulações laterais das megatorres adjacentes, ela se aproxima da
posição de Vertigo. Ele hackeia os sistemas de segurança do prédio, sabotando e criando distrações para
que Laura possa fugir em segurança.
Ao vê-la, o
hacker pergunta:
- Você está com o
pacote?
A garota ouve
aquilo como se fosse uma ofensa.
- É óbvio que
sim.
- Ótimo. Vamos
cair fora daqui.
- Não tão rápido.
– interrompe ela, intrigando o rapaz – Talvez possamos decifrar o servidor, examinar
os arquivos e assim descobrir por que Database os quer tanto.
Laura o retira de
sua bolsa e o observa com grande curiosidade e imprudência.
“Laura, o que
você pensa que está fazendo?!”
Database está irado
no comunicador. A runner responde:
- Estou apenas
investigando, chefe. Descobrir o que é tão valioso para quase custar nossas
vidas.
Sem a menor
paciência, Database grita:
“Apenas dê o fora
daí, droga!”
Laura ri por
dentro, ela conseguiu deixa-lo irritado mais uma vez. Guardando novamente o
pacote, ela sorri para Vertigo e então os dois vão embora pela alucinante noite
em Sonata.
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