Neste quarto cinzento e frio
A cortina balançando no ritmo do vento
Os ponteiros do relógio contando os segundos que perco
Máquinas mantém meu corpo vivo
Agulhas injetam sangue em meus braços
Máscaras enchem meus pulmões de ar
Meu corpo está fraco e quebrado
E em breve eu vou morrer
Você vem nesta tarde chuvosa me fazer companhia
Esconde em teu semblante a dura realidade
Esconde em teu sorriso o pranto e sofrimento
E me diz contendo o choro que tudo vai ficar bem
Tua dor parece maior que a minha
Por dentro você sofre muito mais que eu
Por que se agarra a uma falsa esperança?
Por que insiste em dizer que eu vou sobreviver?
Você leva minha mão enfaixada ao teu rosto
E eu posso sentir o peso da montanha que você carrega nas costas
Sinto o fardo de ver o teu amor quebrado sobre uma cama
Imóvel, fraco, esgotado, a beira da morte
Você diz que eu era tímido
Que eu não conseguia nem mesmo te cumprimentar
Mas depois que sonhei que te beijei
Quis transformar esse beijo em realidade o mais rápido possível
E prometi que ficaria com você para sempre
Não quero te deixar, não quero morrer
Eu choro silenciosamente molhando minhas feridas
Você diz que não quer me perder
Lágrimas escorrem de teu rosto abatido
Ouço você me implorar para ficar acordado
Mas não posso fazer nada senão te ouvir, impotente
Você está há horas aqui, cansada e exausta
Me faz companhia, me vê vivo pela última vez
Não sei se estarei vivo amanhã
E por trás desta tristeza permanente
Vejo apenas que tive um dia a menos para ver teus olhos
Para sentir tua pele
Para beijar teus lábios
Para ver teu sorriso
Para sentir teu cheiro
Para ouvir tua voz
E incapaz de parar o tempo ou reverter meu inevitável destino
Tive um dia a menos com você
Um dia a menos com você
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