quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Eu Nunca Te Amei

Ela pega a arma do chão e aponta para o meu rosto
Seus olhos vermelhos e molhados de lágrimas ardem
Ela vocifera em agonia que não me aguenta mais
Que ela sofreu muito e que vai dar um basta nisso

Eu digo para ela ficar calma, digo que ela está nervosa
Tento tranquiliza-la com palavras racionais
Mas ela conhece meu olhar cínico
Conhece meu jeito hipócrita e sem valor algum

Suas mãos tremem, ela sente medo
Diz que está farta de minha indiferença
Se sente cansada de ser usada como um objeto
De ser mal tratada, ofendida, machucada, deprimida, esquecida
Triste, incompreendida, não correspondida
Diz que seu coração está ferido, lágrimas escorrem
Suor se mistura, o sangue ferve
Ela não quer mais sofrer

Eu não dou a mínima, não me importo com essa mulher
Não me comovo com sua miséria
Não me importo com sua agonia
Rio de sua dor
Passo por cima de seu coração romântico
Brinco com seus sentimentos fúteis

Digo para largar a arma, mas ela não se mexe
Digo que ela está sendo idiota, é só uma briga qualquer
Ela enxerga a falsidade em meus olhos frios
Eu só enxergo a lingerie que a deixa sensual

Eu ordeno para largar a arma
Ela treme e chora como uma menina insignificante
Seu rosto ainda carrega a marca da agressão
Uma lembrança de minha mão

Ela não quer sofrer mais, mas me ama como ninguém
Ela só me importa quando está na cama
Eu tenho motivos para sorrir
Não lhe falta motivos para chorar
Lhe digo que ela não me faz diferença e a desafio:
“O que vai fazer?”

Ela fecha os olhos e atira
O impacto explode em meu peito e voo contra a janela
O vidro se despedaça e eu caio no frio noturno
O vento frio sopra em meu corpo de gelo, mais frio que a noite
O sangue escorre em gotas como uma chuva maldita de sangue
Os pedaços de vidro vêm comigo
Antes de morrer eu olho para a janela e penso:
“Você não foi nada para mim”
O impacto no chão me apaga e tira a vida de mim
Mulher maldita, nunca senti nada por você …

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