sexta-feira, 20 de março de 2020

Anya



Anya é minha amiga imaginária
Ela aparece quando estou solitária
“Vá dormir!” grita minha mãe
Eu respondo:
“Estou brincando com a Anya”
Enquanto pintava corações

Anya não quer mais brincar de boneca
Não reconheço mais o jeito dela
Ela diz que só há uma coisa que a interessa
Que era me levar para as trevas

Ela aparece à noite enquanto durmo
Parada ao lado da janela, me matando de susto
Ela diz que um dia vai me sufocar
Acordo enrolada na coberta, quase sem respirar

Anya me ensinou a matar
Animais ou pessoas, era fácil tentar
Pediu para eu tentar com meu cachorro primeiro
Disse que era mais divertido do que brincar o dia inteiro

Eu respondo que não podia fazer isso
Que não lhe faria mal, pois amo o meu cachorrinho
Anya responde que o animal não é importante
Pois o detestava e queria seu sangue

Uma vez Anya apareceu atrás de minha casa
Sua face estava ferida e toda ensanguentada
Ela disse:
“Vou te levar comigo, chegue mais perto”
Eu perguntei para onde
Ela respondeu:
“Para o inferno”

À noite Anya estava diferente
Estava mais alta, com voz de homem e olhos reluzentes
Parada no escuro ela riu e disse
Que não terei presente e que o Papai Noel não existe

Corri, corri o mais depressa que podia
E apavorada chamei a minha tia
Contei a ela tudo o que havia ocorrido
E ela se encheu de medo
Esperando minha mãe comigo

“Mãe, tire-a daqui! Afaste-a de mim!”
Minha mãe nunca viu eu me comportar assim
“Onde ela está?”
Pergunta ela, tentando entender
“Ela esta aí” eu respondo
“Bem atrás de você!”

Aos prantos ela me tira da casa
Sem me ouvir ou me dizer mais nada
Ela ainda não entendeu
Que a Anya quem era
Era eu

Minha mãe me leva a uma curandeira
A bruxa conjura espíritos com magia negra
O ritual sacrílego me deixa liberta
Minha amiga imaginária voltou para as trevas

Ao terminar a curandeira está enfraquecida
E pede à minha mãe:
“Me deixe sozinha com a menina”
Vejo minha mãe sair preocupada
E fico sozinha com a bruxa na sala

Atrás de mim ouço um riso
Ao me virar a bruxa havia desaparecido
Então uma sombra negra se eleva do chão
E forma uma menina, me estendendo sua mão

“Sou eu, sua amiguinha”
Se apresenta ela, com voz maligna
“Quem?” eu pergunto, imprudentemente
Ela responde
“Anya”
“Sua amiga para sempre”


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