domingo, 26 de maio de 2024

Mais Um Morto no Mar


O mar é tão bonito

Tão calmo e pacífico

Sobre as ondas reconfortantes

Me confortando a todo instante

 

O sol brilha a tarde inteira

Famílias se reúnem na areia

Os vendedores com chapéus de palha

Um clima agradável na praia

 

Nas pranchas velozes

Nos jet skis o esporte

Nos barcos de pescadores

Na proa os velejadores

 

Nos petroleiros gigantes

No convés os estivadores

Nos iates luxuosos

Nos cruzeiros vultosos

 

Os mergulhadores nas profundezas

Os peixes nas correntezas

Mas nem tudo é calmaria

Nem tudo é beleza

 

Há tempestades tenebrosas

E ondas tempestuosas

Tsunamis nas cidades costeiras

Devastação em áreas inteiras

 

Mortos por afogamento

Nas praias ou mar a dentro

Marinheiros mortos nas guerras

Desde a antiguidade até as guerras modernas

Mortos por naufrágios

Condenados a um destino trágico

 

Titanic

As 1.500 vítimas

Naufragadas no Atlântico Norte

Pais, mães e filhos

A agonia de ver suas crianças submergindo

“Nem Deus afunda o Titanic”

Pois enviado foi ao abismo

Às profundezas do mar gelado

Tão fria quanto o coração do diabo

 

Bismarck

Alemães moribundos

Condenados ao naufrágio

Os ingleses receberam ordens para não os resgatar

O navio virava

E então afundava

Os alemães subiram pelo casco para evitar se afogar

Mas todos pereceram juntamente

Até ninguém mais respirar

 

Diz o Apocalipse 20:13 que o mar devolverá os seus mortos

Aqueles que nunca voltaram aos seus portos

Retornarão de sua fatídica hora

Para serem julgados, cada um segundo as suas obras

 

Na mitologia

Kraken da mitologia grega

E também na mitologia nórdica

 

Na Bíblia

Leviatã do livro de Jó, capítulo 41

Versículos 1 ao 34

 

Na literatura

Moby Dick de Herman Melville

A lula gigante de Júlio Verne

 

Seja na Bíblia, mitologia ou literatura

O mar sempre esteve associado

A um abismo aquático de horror e penúria

 

Eu entro no navio

Um presságio ruim anuncia o meu destino

O mar agitado

O vento gelado

O mau agouro

Me acompanhando ao meu lado

 

A tempestade outrora distante

Avança a todo instante

O navio segue cambaleante

Fustigado pelas ondas gigantes

As ondas inundam o convés

Nesse momento eu perco a minha fé

 

Como se todos os demônios do submundo

Arremetessem contra o navio

As ondas viram o casco

E o pânico se alastra por todos os lados

 

Botes salva-vidas salvam uns poucos

O resto fica para morrer aos poucos

Entre as almas que ficam para encarar a morte

Eu fatidicamente encontro o meu nome

 

O navio da condenação se afundava

O mar da morte nos tragava

Sem encontrar salvação

Meus pulmões se enchem de água

Pulmões que ardem em intensa tortura

A consciência se enfraquece e se torna turva

Lá embaixo as trevas parecem me chamar

Meu túmulo aquático estava a me aguardar

 

Meu corpo nunca será encontrado

Meu destino já estava selado

Ali Deus me abandonava

O deserto líquido minha alma clamava

 

As ondas negras irão me sepultar

Nas profundezas do oceano atroz eu irei repousar

Meus olhos finalmente se fecham

E a respiração dos meus pulmões cessam

 

De todos que no mar morreram

Ironicamente eu percebo

No mar a morte veio me levar

Acabando por eu me tornar

 

Mais um morto no mar

 

 

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