domingo, 5 de abril de 2020

Um Suplício



Eu ando tão atribulado ultimamente
Não há mais nada que me deixa contente
Não suporto mais os noticiários
É deprimente como me puxam para baixo

Um vírus novo causando tantas mortes
Ceifando a vida até dos mais fortes
Governos imorais empurrando uma ideologia
Interesses econômicos por trás de uma epidemia

A contenção e a progressão do vírus são instáveis
Ele é propagado criminosamente por seus responsáveis
Mais um inocente morre e deixa sua família
Mais um número que engrossa a crescente estatística

Dinheiro e poder
Sempre o maldito dinheiro e poder
Governos planejando a dominação
Egoísmo sobrepujando a razão

Porque a obsessão pelo poder?
Temos tão pouco tempo para viver
Não deveríamos estar explorando o espaço
Curando doentes e alimentando os necessitados?

Só as drogas fazem eu me sentir bem
E bebidas fortes eu tomo também
Eu não apreciava mais nenhuma companhia
Sozinho eu definhava em minha agonia

Então você vem
Em um momento em que eu não queria ter ninguém
Mas sem se importar você aparece
E a noite em minha alma termina e o dia amanhece

Apoio minha cabeça em minha mão
Me distraio te dando atenção
Fico apenas te escutando
O teu amor eu desejando

Gosto tanto de ouvir seus assuntos
Você parecia ter uma solução para tudo
Porque eu já perdi a esperança no mundo
E a felicidade para mim era um absurdo

Após tanto tampo com o coração esvaziado
Passando a maior parte do meu dia irritado
Eu não pensei que acabaria assim
Que uma mulher teria interesse em mim

Do meu pessimismo eu não gosto de falar
O brilho em seus olhos eu não quero tirar
Eu a deixo em seu sonho e sua ilusão
De que coisas boas vêm para quem é bom

Quando você está nos meus braços
Eu sinto meu corpo fraquejar
Os teus cabelos e o teu cheiro
Me aliviam e me fazem sonhar

Quando seus lábios tocam nos meus
Eu sinto o meu coração disparar
O atrito de nossas línguas
Faz minha mente delirar

A tua alma emite um calor
Que alivia toda a minha dor
Meu pessimismo e meu desespero
Somem quando eu te beijo

Você fala muito em se casar
“Comigo?” eu pergunto, sem acreditar
Você fala que eu sou muito amargo em minha vida
“Coitadinha” eu penso
“Se ao menos ela soubesse...”
“Dos meus pensamentos suicidas”

Ter você me era um alívio
E eu adorava tê-la comigo
Você se tornou o meu abrigo
Porque para mim a vida se tornou um exercício

Sem motivo nem razão
Sem sentido nem direção
Um estressante e desgastante exercício
Ou pior ainda,

Um suplício




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