Minhas orações
não eram respondidas
Minhas petições
não eram atendidas
Meus esforços
não eram recompensados
E diziam que
era eu o errado
Me acusavam que
minha fé estava fraca
Quando o
silêncio era tudo o que eu escutava
Que eu
murmurava na prova e no sofrimento
Que eu
blasfemava por não interpretar o silêncio
Sempre
atrasado ao abençoar
Mas sempre imediato
ao me castigar
Sempre
ausente enquanto eu vivia
Mas permitindo
que me fizessem injustiças
Não eram blasfêmias
o que eu falava
Era o estado
que meu espírito se encontrava
Ele me
abandonou
Ninguém me
entende
Eu não o
abandonei
Fui rejeitado
por aquele que prometeu
Que estaria
comigo até o último dia da minha vida
Que ficaria
comigo até a consumação dos séculos
Que me
acompanharia até o fim dos tempos
Feito de
trouxa
Bem que meus
inimigos me avisaram
Enquanto me
ridicularizavam
Enquanto meus
bolsos se esvaziavam
Feito de
otário
Ficando mais
pobre e sem nenhum centavo
Desperdicei minha
vida com vãs privações
Aumentando ainda
mais minhas tribulações
Abandonado
por meu pai e mãe
E os demais
porcos de minha família
Ignorado pela
única pessoa que me ouvia
Que sabia que
era a única que eu tinha para conversar
Posto de lado
ao perder a utilidade
Manipulado por
quem dizia me amar
Eles riram de
mim
Uma humilhação
sem fim
Fui constantemente
injustiçado
O tempo todo sendo
desprezado
Com minha patética
face suína
Me perguntando
por que minhas orações
Jamais eram
respondidas
Mas tu nunca
me abandonaste
Sempre se fez
presente com seus desejos malignos
Suas
sedutoras tentações
Suas
flamejantes paixões
Os desejos de
irresistível luxúria
Vontades pecaminosas
e impuras
Tua chama que
excita meu corpo a pecar
O único calor
que a vida me dá
O fogo
desafiante que não nega a natureza
Como um farol
para os mortos por dentro de tanta tristeza
Prazer
Um pouco de
prazer antes de morrer
Vou me perder
nos corruptores vícios
Deixá-los me
consumir até o último suspiro
Há muitas
mulheres que me alucinam
Os entorpecentes
que me contaminam
A sensação de
alívio e bem-estar
A paz que o
outro prometeu que ia me dar
Pois o cálice
da ira eu quero beber
Se isso me
devolver a vontade de viver
À beira do
precipício eu vejo
As nuvens de
enxofre em desespero
Medo, fogo e
trevas lá embaixo
Então este é o inferno que tanto falavam
Sangue ainda
se escorre de minha cabeça
E deixa
minhas roupas vermelhas
Ainda ouço o
estampido em meu ouvido
A bala que
atravessou os meus tímpanos
Então tu
aparece ao meu lado
Como a
passagem do pináculo do templo
Vestido em um
manto preto
E me diz
Aqui eu jamais
irei te abandonar
Aqui poderás
descansar
Lança-te
abaixo ao meu reino
A casa do esquecimento
O teu novo
lar
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