quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A Angústia do Aviador




Amo tanto os aviões
Amo tanto vê-los voar
Alegria bate forte em nossos corações
Minha vida é completa ao poder pilotar

A invenção mais bela da humanidade
Honro os patriarcas da aviação  
Os Flyers dos Irmãos Wright
E o 14-bis do Santos Dumont

Acima das nuvens
Mais perto da Lua e do Sol
Entre os relâmpagos e arco-íris
Voando como um rouxinol

Agora podemos voar
Não apenas os anjos podem voar
Planando alto pelas nuvens e brisas
Através das tardes quentes e frias

Veja!

A esquadrilha da fumaça é tão linda
Seus rastros formam linhas coloridas
Em sincronia eles manobram seus aviões
Arrancando o fôlego das extasiadas multidões  

E eu amo tanto ser piloto dessa aliança
Pois nada é mais lindo que o sorriso de uma criança

Mas pervertemos essa bela criação
Colocaram armas de guerra na aviação
Aviões construídos com estruturas mais fortes
Para carregar armas que provocam mais mortes

Desde sua criação em 1903
E de seu voo controlado em 1906
Já em 1914 a transformaram numa arma letal
Utilizando-os na Primeira Guerra Mundial

Na Segunda Guerra Mundial trouxemos paraquedistas
Para morrer em combate atrás das linhas inimigas
As utilizamos para carregar bombas nucleares
Que devastaram por completo duas cidades

Jatos de combate
Mais rápidos que a velocidade do som
Misseis teleguiados
Por onde passam causam destruição

Drones foram inventados
Esses aviões não tripulados
Com câmeras e computadores são controlados
Seus misseis deixam tudo em pedaços

Royal Air Force
Luftwaffe
United States Air Force
Voyenno-Vozdushnye Sily Rossii

Não importa o nome ou a sigla
A aviação traz morte à nação inimiga
Transformamos essas máquinas em forma de anjos
Em ferramentas nas mãos de demônios

O que foi que fizemos?
A mais bela criação pervertemos
O que foi inventado para elevar o homem ao céu
O encobre de jatos e bombas como um enxame ou um véu

A beleza não posso mais apreciar
Essas obras me fazem chorar
Essa máquina que eu pilotava com tanto prazer
Minha angústia acabará quando eu deixar de viver

Estou aqui neste avião
Não há ninguém na direção
Sento no assoalho, chorando
Lá fora vejo as montanhas se aproximando

A neve se acumula nas janelas
A dor em meu peito me flagela
O avião perde altitude em um rasante
A expectativa da morte é reconfortante

O paredão de rocha se aproxima
Na montanha a aeronave será destruída
Na iminência do fim eu sorrio
Com minha morte serei redimido

O avião foi a criação mais linda
E nele será o fim da minha vida
Em uma aeronave sem direção
Rumo à minha autodestruição  


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